Texto de Silvio Profirio da Silva, graduando em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Artigo enviado ao JC Email pelo autor. Durante décadas, o ensino fornecido pelas instituições de ensino brasileiras centrou-se, predominantemente, em perspectivas puramente mecanicistas, tecnicistas e tradicionais (SANTOS, 2002). Com isso, as práticas pedagógicas concediam primazia ao uso exclusivo dos livros didáticos. Excluia-se, assim, uma gama de recursos didáticos e de múltiplas linguagens. Consoante Albuquerque (2006) e Albuquerque et al (2008), nos anos 80, tem início uma série de estudos de inúmeros campos de investigação, tais como das Ciências da Educação [Pedagogia], das Ciências da Linguagem [Linguística], das Ciências Psicológicas [Psicologia, Psicologia Cognitiva e Psicolinguística], da Filosofia e da Sociologia. Tendo como pano de fundo esse contexto paradigmático, eclode uma nova concepção de ensino sociointeracionista, que prima por uma nova perspectiva de aprendizagem, focando, sobretudo, na produção de sentido (KOCH & ELIAS, 2006) e elaboração de significados / significação. Destaca-se, sobretudo, o fato de surgir uma série de mudanças didáticas nos processos de ensino e de aprendizagem, buscando, assim, romper com práticas tradicionais de escolarização, conforme evidencia Albuquerque (2006). Uma dessas mudanças diz respeito a inserção de múltiplas linguagens nos processos de ensino e de aprendizagem. Isto é, novos recursos didáticos e novos suportes de texto, que subsidiam práticas pedagógicas inovadoras e diferenciadas. É nesse cenário que se fala em Linguagens Alternativas. Esse conceito levantado por Gomes & Nascimento Neto (2009) refere-se às múltiplas formas de expor um conteúdo, a partir de diversos suportes textuais, como, por exemplo, Charges, Cinema, Histórias em Quadrinhos [HQs], Jogos, Jornais, Redes Sociais [Facebook, MSN, Orkut, E-fórum], Revistas, Tirinhas etc (GOMES & NASCIMENTO NETO, 2009). Dentre os quais, destaca-se, nesta escrita, a Literatura de Cordel, abordando seus subsídios para novas iniciativas didáticas e pedagógicas, rompendo com padrões tradicionais, rumo a novas formas de construção social do conhecimento. A Literatura de Cordel pode ser definida como uma poesia de cunho / teor popular, que inicialmente era realizada apenas por intermédio da linguagem oral. Contudo, após alguns anos, ela passou a ser realizada de forma escrita, por intermédio da linguagem escrita e da impressão em folhetos (FONSÊCA & FONSÊCA, 2008). Um dos traços marcantes acerca desse tipo de literatura diz respeito aos seus versos escritos a partir da utilização de rimas e, algumas vezes, com ilustrações, que são hoje chamadas de xilogravuras (FONSÊCA & FONSÊCA, 2008). Ao contrário do que muitos pensam, a Literatura de Cordel não é uma criação/ produção desvinculada da realidade e das práticas sociais. Em outras palavras, esse tipo de literatura não se limita a histórias fictícias e distanciadas da realidade circundante. Pelo contrário, por intermédio dos seus versos e da sua linguagem, a Literatura de Cordel reflete acerca de diversas temáticas de cunho social, englobando a cultura material e imaterial da espécie humana. Com isso, ela leva para a escola temas de interesse público e extremamente relevantes para a formação dos discentes brasileiros (BENTES, 2004). É nesse contexto que a Literatura de Cordel leva para o universo escolar novas possibilidades de cunho metodológico relacionadas à Leitura e à Diversidade temático-textual. Dito de outra forma, essa literatura propicia um trabalho inovador, trabalhando a questão da leitura em uma perspectiva de ampliação da visão de mundo, de conscientização, de reflexão e de criticidade. Ao mesmo tempo, promove a inserção da diversidade textual e temática no âmbito educacional. Nesse sentido, a Literatura de Cordel propicia novas didáticas e iniciativas pedagógicas para o ensino, a partir da inserção de múltiplas linguagens nos processos de ensino e de aprendizagem. O que, por conseguinte, ocasiona novos caminhos e horizontes para a construção social do conhecimento do aluno. Referências: ALBUQUERQUE, E. B. C. Mudanças didáticas e pedagógicas no ensino da língua portuguesa: apropriações de professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. ALBUQUERQUE, E. B. C.; MORAIS, A. G.; FERREIRA, A. T. B. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista Brasileira de Educação, v. 13, p. 252-264, 2008. BENTES, A. C. Linguagem: práticas de leitura e escrita. São Paulo: Global - Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, 2004. FONSÊCA, A. V. L.; FONSÊCA, K. S. B. Contribuições da literatura de cordel para o ensino da cartografia. Revista Geografia, v. 17, n. 2, Londrina, 2008. GOMES, G. M. S.; NASCIMENTO NETO, L. D. A Cultura Afro-Brasileira no Saber Escolar Contemporâneo: articulando histórias, linguagens, memórias e identidades. Revista Encontros de Vista, v. 02, p. 13-24, 2009. KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. SANTOS, C. F. O ensino da leitura e a formação em serviço do professor. Revista Teias, ano 3, v. 05, n. jan/jun, p. 29-34, Rio de Janeiro/ RJ, 2002. |
Conheça as mulheres que ofereciam prazeres amorosos e intelectuais a homens OTÁVIO URBINATTI PUBLICADO EM 12/06/2019, ÀS 08H00 Crédito: Wikimedia Commons No centro do tribunal, uma das mais belas mulheres da Grécia Antiga estava entre a vida e a morte. Os conselheiros do Areópago, o tribunal ateniense, tinham em mãos o destino de uma semideusa acusada de impunidade, o que era motivo de traição para os moradores da cidade-estado. Por sorte, Hipérides, um dos mais renomados oradores na Ágora (onde se realizavam as assembleias e reuniões públicas), foi convidado para defender a ré com mais um de seus sublimes discursos. O júri, no entanto, parecia não estar convencido e pretendia mesmo assim tomar uma decisão contrária. Seria o fim de uma divindade? Um gesto desesperado do advogado levou a impiedosa para o centro, rasgou seu manto e expôs seus seios diante do plenário: a pele branca reluzida por todo o salão era um último apelo a tamanha beleza. A perfeição para os gregos era uma dádiva
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