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As profissões do pré-sal


As profissões do pré-sal

País precisará de mão de obra em todos os níveis, de soldadores a engenheiros de formação sofisticada, passando por geólogos, especialistas em logística, saúde e ambiente
Fabiana Cimieri escreve para "O Estado de SP":

Extrair petróleo a 7 mil metros de profundidade, a 300 quilômetros da costa, em condições geológicas que os especialistas ainda não mapearam completamente. Esse é, provavelmente, o desafio tecnológico de uma geração de brasileiros. A recompensa é tentadora. Nas estimativas mais otimistas, a camada pré-sal, faixa subterrânea de 800 quilômetros, pode guardar o equivalente a 100 bilhões de barris, o que tornaria o Brasil dono da sexta maior reserva de petróleo do mundo.

O país precisará de mão de obra em todos os níveis, de soldadores a engenheiros de formação sofisticada, passando por geólogos, especialistas em logística, saúde e ambiente.

"O pré-sal é um projeto de desenvolvimento brasileiro, assim como a ida à Lua foi para os americanos. Não dá para mensurara quantidade de emprego necessária", diz o superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo, Caio Pimenta.

Só os investimentos aprovados pela Petrobras até 2013, dos quais o pré-sal é um dos carros-chefes, vão exigir a qualificação de 207 mil pessoas em 185 categorias diferentes.

Para atender à demanda por pessoal qualificado, o governo federal criou o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp). Nos últimos três anos, 43 mil pessoas foram treinadas pelo programa.

A maioria delas é de nível técnico e básico, mas quem vai comandar o processo de exploração do pré-sal são os profissionais de nível superior, dos quais depende a geração de conhecimento e tecnologia.

Cabe ao Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobras, que fica no campus da UFRJ na Ilha do Fundão, no Rio, a missão de desenvolver soluções tecnológicas. "O profissional que nos interessa tem um perfil inovador e viés para pesquisa", explica Maria de Fátima Duarte Mattos, gerente de Recursos Humanos do Cenpes. O centro tem 2.110 funcionários. Destes, 1.274 são de nível superior: 506 têm mestrado e 215, doutorado.

Este mês, a Petrobras e a Schlumberger, empresa franco-americana que desenvolve tecnologia para a indústria de petróleo e gás, assinaram acordo que prevê a criação pela multinacional, em 2010, de um centro de pesquisas ligadas ao pré-sal na Ilha do Fundão. A Schlumberger estima que serão abertas 300 vagas para brasileiros no projeto.

"As áreas de geologia, geofísica e engenharia serão de extrema importância para o sucesso dos projetos do pré-sal", diz a gerente de Planejamento de Recursos Humanos da Petrobras, Mariângela Mundim. As duas primeiras são essenciais à exploração porque determinam onde pode haver petróleo e quais poços devem ser perfurados - o custo de cada perfuração chega a US$ 100 milhões.

Carreiras ligadas à engenharia são fundamentais para toda a cadeia produtiva do petróleo. Uma das prioridades da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que tem seu próprio programa de formação de pessoal, é a engenharia de reservatórios.

"São esses profissionais que, baseados nos estudos geofísicos, fazem cálculos para identificar se há óleo no reservatório, a capacidade e o tipo", diz Florival Carvalho, superintendente de Pesquisa e Planejamento da ANP.

Carvalho comanda 36 programas que envolvem 23 universidades em 16 Estados. O projeto acaba de incorporar mais dois perfis profissionais. "Queremos incentivar a formação nas áreas de segurança operacional e saúde ocupacional", diz o superintendente.

Outra área que tem merecido atenção da indústria é a de logística. "A capacidade dos estaleiros, as condições das embarcações e o transporte de pessoas já preocupam hoje, porque é um custo elevadíssimo levar trabalhadores às plataformas", diz Heltom de Paulo, consultor de perfuração de poços da gigante de engenharia e serviços americana Halliburton, outra fornecedora da Petrobras.

Todos os meses, a estatal transporta 40 mil pessoas para suas plataformas. Não é só a demanda pelo serviço que vai crescer com o pré-sal. A distância, por exemplo, vai dobrar, já que hoje a empresa opera unidades a 150 km da costa, em média.

Há também um esforço gigantesco a ser feito em terra, como a construção de gasodutos para transportar o gás extraído como petróleo. O setor petroquímico, de onde saem de gasolina a matérias-primas para todos os setores da indústria, está investindo pesado na ampliação de refinarias. Engenheiros químicos e civis são peças-chave na construção e operação das refinarias e no transporte desses produtos.

"A Petrobras é a mãe, em última instância todo o setor trabalha para ela. Mas até um padeiro que esteja fornecendo para essa área vai se dar bem", compara o empresário Gabriel Pinton, da WDT Engenharia, que presta serviços para a estatal na área de controle de qualidade. Quando comprou a WDT, há dois anos e meio, ele tinha um funcionário. Agora tem 200, entre eles advogados, profissionais de marketing e jornalistas.

Uma das maiores dificuldades hoje, segundo o presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Angelo Bellelis, é contratar gente de nível superior em meio de carreira. Dos 148 profissionais com diploma universitário do estaleiro, que fica em Suape (PE), a maioria é sênior ou júnior.

"Temos as duas pontas. Entre os mais experientes, muitos estavam afastados do mercado e não acompanharam a evolução da tecnologia e das normas de segurança ou ambientais."
(Colaborou Bruna Tiussu)
(O Estado de SP, 29/9)

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