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Reflexões sobre história do Brasil nas salas de aula


Reflexões sobre história do Brasil nas salas de aula

Revista de História da Biblioteca Nacional doa kits para distribuição aos professores da rede pública do RJ
Em menos de um mês, 18 mil exemplares do kit já foram solicitados e distribuídos às escolas da rede estadual

De esporte inicialmente ligado às elites, no início do século XX, até cair no gosto popular e transformar o país na "pátria de chuteiras" - na expressão imortalizada por Nélson Rodrigues - o futebol continua despertando paixões. Não por acaso, foi alvo de acadêmicos, que viram no tema meios de refletir sobre a formação da identidade e cidadania no país.

O assunto agora chegou às escolas. É um dos quatro temas transformados em encartes didáticos que acompanham exemplares da Revista de História da Biblioteca Nacional, doados à Secretaria de Estado de Educação para distribuição aos professores da rede pública estadual que solicitarem o kit.

Em menos de um mês, o projeto, que auxilia os professores a desenvolver diversas atividades em sala de aula, já distribuiu 18 mil exemplares. Com apoio do Auxílio à Editoração (APQ3), da Faperj, o projeto está promovendo uma verdadeira "invasão" nas escolas.

Há anos transformando a história brasileira em artigos críticos e acessíveis a um público que sempre se disse ter memória curta e avesso a pensar sobre o passado, a Revista de História transformou o material de algumas de seus números em material pedagógico.

Além de "Futebol e sociedade", que traz a proposta de levantar discussões sobre identidade e cidadania, foram preparados encartes em cima de outras três edições da revista, sobre assuntos com maior possibilidade de despertar o interesse dos estudantes: "Fotografia e História", "Tiradentes e o Altar da Pátria" e os "Descaminhos do Ouro". O texto dos encartes foi preparado pelo professor Alexandre Camargo, com consultoria da professora Suzana de Aquino.

Voltado a professores da 9º série do ensino fundamental e das três séries do ensino médio, a iniciativa da equipe da revista está tendo uma repercussão maior do que o esperado. "A receptividade foi enorme. E nos trouxe a perspectiva de produzir novo material de maneira mais sistemática. Nossa idéia agora é preparar os encartes número a número. Ou seja, cada edição da revista já sair com seu respectivo encarte. Precisamos, porém, encontrar uma fórmula para isso", anima-se Luciano Figueiredo, professor de história da Universidade Federal Fluminense, editor da revista e coordenador do projeto.

A repercussão também deu a dimensão à equipe de quanto os professores precisavam desse tipo de material para enriquecer suas aulas. "O projeto nos serviu como aprendizado. Tem sido também um meio de conquistar novos leitores, que são os estudantes em sala de aula. Está sendo um avanço. Temos recebido várias cartas a respeito", fala Luciano.

Outro assunto abordado nos encartes é a fotografia. Nos artigos da revista em que vem inserido, por exemplo, discute-se a função da fotografia em seus primórdios, quando procurava mostrar o pertencimento a um determinado grupo familiar e classe social.

A partir daí, o tema serve para levantar discussões sobre "o valor da aparência", questão que ainda hoje se mostra bastante atual. Em "Tiradentes e o Altar da Pátria", os textos da revista procuram fugir da imagem convencional dos livros escolares, mostrando o cenário do Brasil colonial que fomentou a Inconfidência Mineira e também um pouco do homem por trás do mito, capaz de cometer deslizes éticos, colecionar mulheres e falar demais. Entre as propostas didáticas, reflexões sobre quem foi realmente a figura por trás da imagem do herói mineiro e o que propunham os insurgentes da Inconfidência.

"A história é sempre atual, portanto, nossas revistas não envelhecem. E essa é mais uma forma de explorar o magnífico acervo de nossa instituição. Nossa revista é uma espécie de Biblioteca Nacional portátil", explica Luciano. Entusiasmado, ele pensa nos próximos desdobramentos que o projeto pode ter. "Este foi um piloto. Estamos pensando em formas de replicar a experiência, focando também para realidades regionais, de outros estados além do Rio de Janeiro. E transformar o projeto numa sistemática mensal", resume.

Para receber o kit de encartes didáticos, o professor deve enviar sua solicitação ao e-mail revistadehistoria@educação.rj.gov.br ou pedir pelo telefone (21) 2333-0546.

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