Pular para o conteúdo principal

Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa


Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa

Onde há mais hostilidade, desempenho em avaliação é pior; deficientes e negros são principais vítimas O preconceito e a discriminação estão fortemente presentes entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas brasileiras. As que mais sofrem com esse tipo de manifestação são as pessoas com deficiência, principalmente mental, seguidas de negros e pardos. Além disso, pela primeira vez, foi comprovada uma correlação entre atitudes preconceituosas e o desempenho na Prova Brasil, mostrando que as notas são mais baixas onde há maior hostilidade ao corpo docente da escola. Esses dados fazem parte de um estudo inédito realizado em 501 escolas com 18.599 estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os Estados do País. A principal conclusão foi de que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros. Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com deficiência e 94,2% na questão racial. "A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa cultura", afirma o responsável pela pesquisa, o economista José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA). Ele fez o levantamento a pedido do Inep e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, órgãos do Ministério da Educação (MEC).Segundo Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da secretaria, os resultados vão embasar projetos que possam combater preconceitos levados para a escola - e que ela não consegue desconstruir, acabando por alimentá-los. "É possível pensarmos em cursos específicos para a equipe escolar. Mas são ações que demoram para ter resultados efetivos."BullyingA pesquisa mostrou também que pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de situações em que alunos, professores ou funcionários foram humilhados, agredidos ou acusados injustamente apenas por fazer parte de algum grupo social discriminado, ações conhecidas como bullying. A maior parte (19%) foi motivada pelo fato de o aluno ser negro. Em segundo lugar (18,2%) aparecem os pobres e depois a homossexualidade (17,4%). No caso dos professores, o bullying é mais associado ao fato de ser idoso (8,9%). Entre funcionários, o maior fator para ser vítima de algum tipo de violência - verbal ou física - é a pobreza (7,9%).Nas escolas onde as agressões são mais intensas, o desempenho na Prova Brasil é menor. "É lamentável e preocupante verificar que isso ocorre, mas os dados servem como alerta para que a escola possa refletir e agir para modificar esse cenário", diz Anna Helena Altenfelder, educadora do Cenpec. "As pessoas não são preconceituosas por natureza. O preconceito é construído nas relações sociais. Isso pode ser modificado." (Simone Iwasso e Fábio Mazzitelli)Homens e religiosos discriminam maisAlém do preconceito generalizado que aparece entre todos os atores escolares, a pesquisa feita pela Faculdade de Economia e Administração da USP aponta algumas características que influenciam nas diferenças de preconceito dos alunos. O principal dado mostra que os homens são mais preconceituosos e discriminadores do que as mulheres. Por exemplo, homens têm 9% mais preconceitos contra negros, 8% mais preconceito contra portadores de deficiências e 7,7% mais preconceito contra pobres.Outro fator relevante estatisticamente é a participação religiosa. Estudantes que afirmaram ter uma participação religiosa forte são mais preconceituosos em geral e têm 2,2% mais preconceitos contra mulheres, 2,1% contra gerações e 6,1% contra homossexuais. "É interessante analisar detalhadamente por que a religião torna os jovens mais preconceituosos", afirma o autor da pesquisa, José Afonso Mazzon. Na outra ponta, o acesso à mídia (jornais, televisão, livros) contribui para que o preconceito diminua. Em geral, estudantes bem informados se mostraram menos preconceituosos. "A pesquisa é muito importante e mostra como só com o aumento da inclusão, com a presença desses atores discriminados na escola, vamos conseguir combater esse preconceito", analisa Cláudia Werneck, fundadora da Escola de Gente. (Simone Iwasso)(O Estado de SP, 18/6)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FESTIVAL DE MÚSICA PARQUE SUCUPIRA

FESTIVAL DE MÚSICA PARQUE SUCUPIRA - A GRANDE FINAL É AMANHÃ!SÁBADO, 13 DE JUNHO DE 2009A partir das 19h, Estacionamento da UnB - Planaltina DF01 - Aroldo Moreira - "Paralelepípedo e outras proparoxítonas"02 - Diga How - "Quem lê, viaja"03 - Etno - "A mesma dor"04 - Kleuton e Karen - "Quando a peteca cair"05 - Malwe Djow - "Deus e o Diabo na Terra- Parte II06 - Martinha do Coco - "O Perfume Dela"07 - Máximo Mansur - "Concréticas"08 - Os Sambernéticos - "Meus Brasis"09 - Vytória Rudan - "Planador"10 - Zé do Pife e as Juvelinas - "Homenagem ao Mestre"COMPAREÇA! Traga a turma, assista ao vivo às apresentações finais e torça para a sua música favorita. ENTRADA GRATUITA!MAIS INFORMAÇÕES: http://festivalparquesucupira.blogspot.com/ O Festival de Música é realizado pela Rádio Comunitária Utopia FM de Planaltina-DF e ocorrerá na cidade.

HÁ 230 ANOS, ERA DESCOBERTA A IMPRESSIONANTE PEDRA DO CALENDÁRIO ASTECA

  MATÉRIAS  »  ARQUEOLOGIA HÁ 230 ANOS, ERA DESCOBERTA A IMPRESSIONANTE PEDRA DO CALENDÁRIO ASTECA A revelação do fascinante artefato de 25 toneladas representou um grande marco para a história GIOVANNA GOMES  PUBLICADO EM 17/12/2020, ÀS 00H00 - ATUALIZADO ÀS 09H41 A famosa Pedra do Sol - Wikimedia Commons Neste dia, há exatos 230 anos,  trabalhadores  que realizavam reparos na  Cidade do México  fizeram uma importante descoberta que viria a ser conhecida como a Pedra do Sol. A estrutura esculpida em forma de  disco  com cerca de quatro metros de diâmetro e 25 toneladas representou uma grande conquista para a história.  A descoberta Na época da descoberta, século 19, o México já se encontrava livre do domínio do Império Espanhol, e, assim, como os demais países da América hispânica, desenvolveu um apreço pelo seu passado indígena, devido à necessidade de modelos para a criação de uma identidade nacional. Dessa forma, o General ...

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2010) destaca desenvolvimento sustentável

Abertura do evento em Brasília aconteceu nesta terça-feira (19/10), com a presença do ministro Sergio Rezende Foi aberta oficialmente nesta terça-feira (19), em Brasília, a 7ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), cujo tema este ano é "Ciência para o Desenvolvimento Sustentável". O objetivo do evento é divulgar a ciência e atrair mais estudantes para as atividades de pesquisa e mostrar para a população como a atividade contribui para seu bem-estar. Até do próximo domingo (24/10), haverá 10 mil atividades em mais de 300 cidades com a participação de 630 instituições ligadas à ciência, tecnologia e inovação. "A preservação da biodiversidade é um tema que Brasil tem que ser referência em função dos nossos recursos naturais. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia contribui para que o tema esteja em discussão e estimule jovens a se tornarem cientistas conscientes com o meio ambiente", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, n...