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Grécia Antiga pode ter tido rampas de acesso para pessoas com deficiência

 Estudo da arqueóloga Debby Sneed sugere que as rampas eram usadas, principalmente, para facilitarem o acesso a templos de cura

  • 27/07/2020
  • REDAÇÃO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
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Grécia Antiga pode ter tido rampas de acesso para pessoas com deficiência (Foto: Divulgação/John Goodinson)

(Foto: Divulgação/John Goodinson)

Rampas de acesso aos deficientes são uma invenção relativamente recente do urbanismo, certo? Talvez não! Uma pesquisa da arqueóloga Debby Sneed, da Universidade Estadual da Califórnia, argumenta que este recurso poderia ter sido usado já na Grécia Antiga, há mais de 2 mil anos atrás! Segundo o artigo de Sneed, rampas fixas de pedra são características conhecidas de alguns templos gregos, mas a literatura arqueológica considera que estas estruturas eram usadas para rituais, como o sacrifício de animais. A pesquisadora, no entanto, acredita que existem evidências de que os gregos foram os primeiros a construírem estas rampas especificamente com o objetivo de facilitar o acesso de deficientes.

No artigo, um dos casos analisados é o Santuário de Asclépio, em Epidauro. O templo era visto como um dos mais importantes locais de cura da Grécia antiga, e existem evidências de que lá haveriam, pelo menos, 11 rampas de pedra. "As evidências disponíveis indicam uma tendência segundo a qual os santuários de cura, que recebiam muitos indivíduos com uma série de doenças, lesões e condições (incluindo muitas que afetam a mobilidade), tinham mais rampas do que os santuários que não eram santuários de cura", diz Sneed. Por isso, a pesquisadora acredita que o objetivo das estruturas era mesmo facilitar o acesso para aqueles que tinham dificuldade de locomoção.

Grécia Antiga pode ter tido rampas de acesso para pessoas com deficiência (Foto: Divulgação/John Goodinson)

(Foto: Divulgação/John Goodinson)

gundo a arqueóloga, a tese faria sentido porque a dificuldade de locomoção era comum entre a população grega. "Em Anfípolis, no norte da Grécia, por exemplo, uma análise de cerca de 20% dos mais de 900 indivíduos escavados no local identificou lesões osteoartríticas em quase 60% dos esqueletos adultos datados do período clássico (séculos V a IV a.C.) e em 40% daqueles datados dos períodos helenístico e romano", escreve Sneed. Há até mesmo uma representação do deus Hefesto usando muletas.

Para ela, isso demonstra que, ainda que obviamente a sociedade grega não fosse uma democracia plena, havia uma certa preocupação com a inclusão destes grupos. No século IV a.C, inclusive, a cidade de Atenas pagava uma pensão diária a indivíduos com deficiência que não conseguiam se sustentar. "Mesmo sem uma estrutura de direitos civis, como os entendemos hoje, os construtores desses locais fizeram escolhas arquitetônicas que permitiam que indivíduos com mobilidade reduzida acessassem esses espaços. Espera-se que esta pesquisa possa estimular investigações adicionais sobre acessibilidade em outros locais do mundo clássico e para além dele". 


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