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Cerrado e participação popular em destaque na abertura do 5º Fórum de C&T do Cerrado

Evento promovido pela SBPC/Goiás, que integra o 6º Simpósio de Ciência e Tecnologia, apresenta possíveis atitudes para a preservação do cerrado e formas de investimentos em pesquisas de inovação

A abertura do 6º Simpósio de Ciência, Tecnologia e Inovação e do 5º Fórum de Ciência e Tecnologia do Cerrado aconteceu na segunda-feira, 18 de outubro, em Anápolis (GO).

O presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, convocou a população para participar do processo de desenvolvimento científico do país e preservação do Cerrado. Segundo ele, a ciência e a tecnologia são muito importantes para serem deixadas somente nas mãos de cientistas.

Raupp destacou que o início dos estudos na área data de mais de 60 anos, o que é recente na história. "Já houve mudanças significativas, como a inclusão nas universidades na tríade ensino, pesquisa e extensão, antes não existente, mas ainda é pouco", frisou. Ele ressaltou que os desafios da ciência são os mesmos das outras áreas do país e necessitam enfrentar decisões políticas e merecem uma análise aprofundada em épocas eleitorais.

A representante da SBPC/GO, Márcia Pelá, disse que é necessário desenvolver uma descentralização dos projetos de ciência e tecnologia para consolidar uma política estadual eficiente. Para ela, que defende há muitos anos a inclusão do Cerrado na pauta de discussões nacionais, as preocupações atuais também são com as pessoas que vivem no bioma, além de ações que não esqueçam da sustentabilidade.

Já o secretário municipal de C&T de Anápolis, Fabrízio de Almeida, entende que a criação de um parque tecnológico nas cidades é importante, mas não se deve deixar de levar em conta que a ciência e a tecnologia devem participar de tudo que é criação humana, como na geração de renda, erradicação da fome. Anápolis destaca-se por ter em pleno funcionamento umas das poucas secretarias municipais de ciência e tecnologia do país.

Marco Antonio Raupp, que já foi membro de organismos federais como o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) afirmou que o governo federal colocou nos últimos quatro anos a ciência e a educação como sendo o que vai impulsionar o crescimento do país. Os investimentos em ciência e tecnologia passaram de 0,8% para 1,5% do PIB (produto interno bruto) nacional. Na educação são investidos 5,6%, o que já é uma evolução, mas faz com o Brasil participe apenas com 2,2% da produção acadêmico-científica no mundo, com artigos, teses e outros produtos.

Exemplos bem-sucedidos

O sistema de pesquisas desenvolvido pela Petrobras conseguiu dar capacidade à estatal para a busca de petróleo em grandes profundidades. É um exemplo de uso da C&T no desenvolvimento econômico no país que serve de modelo para outros produtores.

O setor do agronegócio também sofre influências positivas das pesquisas, especialmente com a atuação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias). Outro exemplo é a indústria aeronáutica, com a Embraer.

Os maus exemplos são observados em indústrias onde ainda não houve a necessidade de investimentos em tecnologia. O que é errado do ponto de vista da pesquisa, segundo Raupp. "Os modelos científicos devem ser desenvolvidos para agregar valor e conhecimento a todas as áreas e não só gerar novas tecnologias para o que for sendo necessário naquele momento", afirmou.

Fórum de Ciência e Tecnologia do Cerrado

Com o tema "Ciência para o desenvolvimento sustentável", o Fórum do Cerrado, promovido pela SBPC/GO, integra as ações desenvolvidas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.

Marco Antonio Raupp afirmou que já é quase certo que o tema da reunião anual da SBPC, a ser realizada em Goiânia, em julho de 2011, será o Cerrado. Para ele, o bioma ficou um pouco esquecido nos últimos anos não por sua importância ser menor, mas pela dimensão que a amazônia e o mar territorial representam frente às outras biodiversidades nacionais.

"Mas não é tarde para a discussão", disse Raupp, ao afirmar que as ações para preservação e recuperação do Cerrado devem ser intensas e permanecer na agenda e pensamento de todos. Segundo ele, não há necessidade de deixar de desenvolver a agricultura no Cerrado, o que se deve buscar é fazer isso com conhecimento e sabedoria do que se está explorando.

Ações empresariais

Os empresários têm se preocupado algumas vezes até mais que os próprios cientistas, observou Raupp. A indústria farmacêutica, que é umas das mais fortes do município de Anápolis e tem destaque no cenário nacional como a terceira mais desenvolvida, retira e deverá retirar ainda mais os recursos da biodiversidade brasileira. Mas deve usar estes recursos com inteligência científica. Se não há preocupação com a sustentabilidade dos recursos, não há respeito internacional.

Para isso, entende o secretário Fabrízio de Almeida, a conscientização deve vir da efetiva aplicação dos princípios da educação. As decisões políticas não devem deixar de lado o incentivo à qualificação de professores. O governo não consegue fazer tudo sozinho, por isso a participação da sociedade organizada deve andar junto com as políticas públicas.

O secretário destacou ações pontuais praticadas pela prefeitura de Anápolis. Destaque para o incentivo da inclusão tecnológica de mais de 1200 pequenos produtores rurais, que jamais teriam acesso a essas informações, e podem ampliar e aprimorar suas produções com conhecimento das pesquisas já realizadas.

O evento segue durante toda a semana com a realização de palestras, mesas-redondas, oficinas, lançamento de livros e termina no sábado com uma caminhada pelas ruas de Anápolis, com plantio de árvores típicas do cerrado.

(Com informações de Márcia Pelá, da SBPC/GO)

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